amiga, posso mandar áudio? é que é mais fácil
testei a "falta de limite" de tempo de áudio no zap + 5 músicas nóia
🛸 Olá, internautas! 🛸
uma coisa importante sobre mim é que eu descobri na prática qual é o limite de áudio do zap – e tenho orgulho disso. a descoberta foi feita em julho de 2018 quando o app do zap travou meu áudio em 29 minutos e 38 segundos. a destinatária desse áudio foi a anna vitória, é clar@1.
na época, a av ficou um pouco impactada (“BICHO”), mas alguns dias depois ela também me enviou um áudio longo o suficiente para o zap travar e, com isso, ela me entendeu, pois experiência pessoal é tudo o que conta (#humor). era um momento das nossas vidas que morávamos em cidades com fusos horários diferentes e nós duas estávamos passando por muitas coisas que precisávamos elaborar em voz alta. então, eu enviava um áudio todo dia no ônibus de manhã, o que av ouvia no caminho pro trabalho e me respondia no horário de almoço dela. eu ouvia a sua resposta quando voltava para casa no fim do dia, e respondia durante o meu jantar. ela ouvia na volta pra casa dela e respondia à noite, eu recebia na manhã do dia seguinte, e assim por diante.
os áudios começaram com a gente contando o que tinha acontecido no dia. depois, começamos a comentar a história da outra. e, então, chegou um ponto que passamos a analisar nossos comentários, tentando extrair alguma filosofia daquilo tudo. então, todo dia tínhamos que atualizar a nossa história, comentar a vida da outra e seguir com essas análises. ao longo do tempo, as respostas foram se acumulando com mais e mais acontecimentos e pensamentos e foi assim que chegamos no limite de áudio do zap. como diriam os franceses, natural.
depois desse fatídico dia, acabamos por atingir o limite do áudio algumas outras vezes, e o que percebi é que o limite variava, mas estava sempre entorno dos 29 minutos e alguns segundos. não se tornou uma praxe nossa mandar áudios sempre desse tamanho, nossas vidas mudaram, anos se passaram, mas de vez em quando acontece. é a nossa forma de romance epistolar.
daí, teve o dia que o zap divulgou que não ia ter mais limite de tempo pros áudios.
daí, teve o dia que o zap divulgou que não ia ter mais limite de tempo pros áudios
foi no dia 15 de janeiro e a notícia chegou a mim, primeiramente, pelo tuíter da Choquei. mas foi tanta gente que me mandou essa notícia que eu sei lá.
o que as notícias meio que explicavam é que, na real, o lance era que, de agora em diante, dependeria do tamanho do arquivo do áudio e o quanto de espaço de memória tem no celular (ou seja, qual tamanho de arquivo seu celular comporta). mas a real é que meio que já era assim, porque nos comentários da Choquei uma pessoa perguntou mdss e tinha limite de tempo?? e eu disse que era em torno de 29min “antes” e outra pessoa chegou e disse “pior q nn, um amg meu ja gravou um áudio de 45 minutos”. e isso só se explicar por causa disso aí da memória.
acontece que a coisa continua igual. e eu tinha certeza disso mas sem ter certeza. então, tava esperando chegar um dia que eu tivesse muita coisa pra contar pra av pra testar isso de “falta de limite” dos áudios, porque também não ia deixar um áudio lá gravando nada só pra ver no que dava. não. isso aqui é trabalho de campo de verdade2. mas agora chegou o dia.
mas agora chegou o dia
quer dizer, o dia já foi. foi dia primeiro de fevereiro de 2023. eu tive um dia daqueles que você se encontra às cinco horas da tarde sentada sozinha num bar tomando um drink com sua receita de ritalina na bolsa e, quando cheguei em casa soube que era aquele o momento. abri o zap, deslizei meu dedo pra começar a gravar e falei, falei e falei até que, de repente, pá:
29 minutos e 38 segundos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
meu audio seguinte foram 45 segundos de eu gritando “CARAIO MERMÃOOOOOO […] EU SABIA EU SABIA PUTA QUE PARIU AAAA CARACA EU TÔ TÃO FELIZ […] DE TER CERTEZA DE UMA COISA QUE EU TINHA CERTEZA […]” daí depois foram outros 18 minutos e 55 segundos continuando o que eu tava falando. novamente, natural.
além da alegria de ter certeza de algo que eu já tinha certeza3, o que essa história trouxe é a pergunta: se nada mudou, por que o zap soltou uma nota dizendo que tudo mudou?
eu não tenho a resposta, mas é algo que tem me deixado HMM. porque, se precisaram soltar uma nota quanto ao tempo do áudio no zap, isso quer dizer que não somos apenas eu e av que temos problemas com limite de áudio. deve ter mais gente com essa questão! que pessoas são essas? do que elas estão falando? por que elas escolhem especificamente o áudio de zap como meio de comunicação? e por que o zap decidiu colocar isso como uma questão? é pra tentar se diferenciar de outros aplicativos de mensagem? quais? eu nunca cheguei no limite de áudio nem no telegram nem no signal, que são os dois outros apps de mensagem que uso, mas eu também só mandei no máximo até uns 15 minutos contínuos neles. numa breve pesquisa, encontrei um texto de 2021 dizendo que o zap permitia até 16MB (número desatualizado, teoricamente) de áudio, enquanto o signal permite 100MB, e num site com dicas do telegram, falam que o tele permite 2GB. só nesse site específico do telegram que dão uma aproximação quanto ao que isso significa em termos de tempo, e parece que dá mais ou menos 4,5 dias.
vocês têm respostas ou hipóteses? por favor, me contem!
todos esses apps “medem” o tamanho dos áudios por tamanho de arquivo (famigerados BYTES), mas não existe uma regrinha de três que dá pra fazer em que se relaciona megabyte ao tempo de áudio. afinal de contas, vamos lembrar que o Grande Trabalho de dispositivos digitais é transformar tudo em informação/ dado. ou seja, você grava teu áudio, daí o celular capta o som, transforma esse som em 0s e 1s e daí envia pra um sinal pra outro dispositivo que vai receber esses 0s e 1s e transformar em som de novo. às vezes dá certo, às vezes sai uns ruídos ou silêncios estranhos! e isso depende também do tanto de sons que são captados pelo microfone etc. ou seja, não tem um cálculo absolutamente exato – que é o que fez esse tempo todo o meu zap variar o tamanho dos arquivos de áudio que consigo enviar, mesmo que todos tenham o mesmo tempo aproximado.
agora pra descontrair
vão aqui 5 músicas que soam como a sensação da minha cabeça depois de eu pensar demais sobre a internet:
745 sticky - 100 gecs
eu não ironicamente adoro 100 gecs!!! escutei muito o 1000gecs (título hilário) quando foi lançado. essa é a música que acho mais interessante na sua estrutura porque ela se transforma demais. é uma brisa muito boa, apesar de não ser a minha favorita, que é xXXi_wud_nvrstøp_ÜXXx. aproveito e deixo um salve pra minha querida assexual lexi que tascou um 100 gecs pra se sentir gostosa e ir dar oi pro flerte traficante dela. ai ai euphoria né
Lover's Tongue - 이수호 (leesuho)
essa aqui eu mostrei pra anna vitória e a reação dela antes de dar tipo 20s de música foi apenas me olhar nos olhos e dizer": “amiga, é por isso que você não dorme”.
esse é o álbum que eu não escuto que mais amo. principalmente por causa da capa perfeita de estética Clara Browne, mas também porque é coisa de gente MUITO maluca. então tipo é mt bom, mas também é mt difícil de escutar como se fosse algo normal e tranquilo. lover's tongue é minha música preferida do álbum monika, que é todo extremamente nóia. aliás, em uma entrevista, o leesuho falou que “what I tried to express in the album was the same moment when the body disappeared and only the mind remained.”, o que é um Big Mood, especialmente quando se está na internet. logo em seguida ele diz que “I don't know exactly what I'm saying”, o que é outro Big Mood. também quando se está na internet!
dito isso, tenho uma obsessão enorme pelo leesuho, que é tipo um cara normalzão mas completamente pirado. conheci o trabalho dele via balming tiger, mas o j-hope já recomendou esse álbum em específico também! aliás, os clipes de arson e de more, do j-hope, foram dirigidos pelo leesuho. ai, ai, nada como mundinho clara browne coréia. também recomendo demais o instagram dele porque tem uma energia muito específica de artista entre 25 e 30 anos que se iludiu e desiludiu com a internet no curto espaço de 10 anos.
Serpent - TNGHT
essa aqui pra mim é se indígenas do brasil decidissem mandar uma batucada numa balada techno em são paulo. é uma onda muito específica, mas é também a única situação em que eu poderia ser convencida a ir num techno.
Jailbreak the Tesla - Injury Reserve feat. Aminé
nóia.
Kolo Kolo - Balming Tiger feat. Omega Sapien e bj wnjn
não tenho certeza se já ouvi essa música até o final. também tem um quê de batucada indígena na balada techno, mas de um jeito mais uso de drogas recreativas com os bróders, uma energia mais curtição do que ocupação política. hakuna matata, sabe? isso é viver etc. (nunca gostei de rei leão) (curto mt hamlet)
informes da mesa
talvez vocês tenham percebido, talvez não, que habilitei a possibilidade de pagamento pra essa newsletter. não se assustem! todos os textos continuarão públicos e o arquivo também sempre será de acesso a todes.
a ideia é só que quem quiser apoiar financeiramente meu trabalho agora pode. com esse apoio, consigo ter mais tempo para me dedicar a essa newsletter e outros possíveis projetos relacionados a ela. os apoiadores também vão receber uma bibliografia mensal com as coisas que ando lendo, vendo e ouvindo que me estão me fazendo pensar. nada que vocês não possam achar por aí, mas de um jeito bem ajeitadinho e com alguns comentários. tipo as referências bibliográficas que eu postava no finado blógue. ou seja: quem não tem grana pra pagar não perde nada, e quem quer me apoiar ganha um mimo!
se você quiser me ajudar, eu agradeço de coração e saiba que vou ficar tão feliz que vou passar dias sorrindo que nem boba!! mas só de vocês estarem aqui lendo e compartilhando já é algo incrível e me deixa 100% hihihi!
eu até colocaria um botão aqui, mas parece que essa é a parte pop-up do mal do substack. sinto muito toda vez que a plataforma faz isso
por fim, recomendo esse vídeo depois de dropar 10mg de zolpidem.
a grafia é uma piada com o meu nome. as pessoas falam “é claro, clara” e ficam rindo sozinhas, mas eu já ouvi isso mil vezes, então me utilizo do uso da @ como tentativa de linguagem inclusiva que junta o/a pra resumir as coisas. para linguagem inclusiva de vdd, costumo utilizar a terminação “e” ou só usar uma construção frasal que abra espaço para qualquer gênero. enfim! obrigada pela risadinha
nunca fiz trabalho de campo, deus abençoe
algo extremamente virginiano de virginianos como eu é que temos como traço de personalidade estarmos sempre certos
Ótima!!!