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Referências bibliográficas: março de 2023

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coisas que vi, li e ouvi esse mês

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Clara Browne
Mar 31, 2023
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Referências bibliográficas: março de 2023
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🛸 olá, internautas! 🛸

mais um mês se passou e eu vi, li e ouvi coisas que povoaram minha cabecinha. depois de um mês muito difícil, março teve um quê de voltar a me estabilizar. li um dos melhores livros da minha vida, decidi assinar o (a? le?) mubi pra ver se volto a gostar de filmes e ainda fui na vernissage da marina sader, na galeria luis maluf!

também usei minha insônia pra organizar todas as fotos do meu celular, e as imagens dessa edição são todas da minha galeria de fotos.

ok, prepara que a descrição é longa. mural com 24 fotos. vou descrever meio rápido da esquerda pra direita, de cima pra baixo. cada fileira tem 4 fotos. 1. uma estátua de cabeça de buda pendurada numa entrada de casa, à noite 2. graffiti de um cachorros que parecem chapados 3. estátua da bruxa da branca de neve em cima do telhado de uma guarita 4. um colar de anjinho dourado 5. uma estátua muito desfigurada de um homem seminu. é uma cópia mal-feita de uma estátua do michelangelo 6. alguém vestido numa fantasia inflável de minion sentado estranho num sofá 7. três camadas de roupa: a primeira são uns colas estranhos num fundo rosa pink, a segunda um padrão de corações sorrindo num fundo azul acinzentado, a terceira uns bonecos gingerbread dizendo OH no maior estilo natal cursed 8. cara da minha amiga com uma máscara de pele branca, cinza e meio preta na parte do bigode. a textura tá meio borbulhante meio concreto secando 9. estátua de uma virgem maria com uma espada no peito 10. pixo de um smile com olhos vazios escrito SORRIA VOCÊ ESTÁ SENDO FILMADO 11. uma estátua mt esquisita de um baco com umas uvas no meio de um jardim 12. chinelos postos verticalmente no chão formando umas cabacinhas 13. um minion numa gaiola dentro de uma balada 14. VÁRIOS manequins masculinos vestidos apenas com cinta de construção e capacetes 15. j-hope metendo uma flauta no nariz 16. kim jong un sentado numa cama num quarto todo cor de rosa bem girlie ayego 17. uma máscara de unicórnio embalada  18. uma máscara de lobisomem que parece que ele tá bêbado e é o melhor amigo daquela galinha do meme das galinhas acabadas 19. uma mancha verde de machucado na pele branca e uma pinta 20. um inseto massa na parede branca 21. o alf fazendo um shrug e diz ALF! nice planet… when do we eat? 22. um cachorro de pelúcia rosa com óculos dourado e cartola vermelha 23. um portão de uma casa laranja com um cachorro EM CIMA DA PORTA encostado de um jeito que parece um senhor de idade olhando a janela 24. um adesivo de um tubarão num pálio azul UFA ACABOU
tesouros; acervo pessoal

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livros

Leaves of Grass; Walt Whitman

precisou apenas da primeira estrofe pra eu saber que esse seria um dos meus livros preferidos da vida. tenho tanto a dizer que mal tenho palavras. foi uma das obras mais fortes e interessantes que já li, e durante a leitura eu já tinha certeza de que vai ser um texto que vou reler muitas vezes.

pra já tirarmos antonio candido & cia da frente, uma das coisas mais curiosas do livro pra mim foi como o walt whitman consegue estabelecer o ethos estadunidense no livro. todas as questões sobre “a terra dos livres”, liberdade de expressão e uma visão muito específica do que é um governo democrático estão ali, mas o que me assombrou de verdade é como parecem coisas boas. como latino-americana que pensa sobre latinidade, sul global e processos de colonização, esses papinhos estadunidenses me cansam demais, principalmente porque é tudo paia. mas a construção narrativa e poética do whitman tiram todos os clichês estadunidenses e consegue realmente estabelecer a liberdade como comunhão, o que é MUITO bonito.

tem coisas materiais no texto que fazem essa construção dar certo. o whitman costuma preferir termos mais abrangentes para falar de coisas específicas, como “guerra” pras guerras de independência e civil estadunidenses, poucas vezes se referir à língua inglesa, mas sim à linguagem, e meu preferido, que é usar “terra” [land] em vez de “país”. além disso, ele usa os versos livres e rimas internas como maneiras estéticas de costurar ideias que costumam ser separadas, chegando ao ponto de igualar binários ocidentais como bem e mal, vida e morte etc. mas isso aqui só sou eu mostrando que aprendi alguma coisa durante a faculdade, porque, pra ser sincera, isso foi o de menos na minha leitura.

o otimismo e a positividade de waltinho são TÃO fortes que se sobrepõem a tudo. a primeira estrofe (a minha preferida, sem dúvidas) estabelece isso muito bem:

I celebrate myself

And what I assume you shall assume,

For every atom belonging to me as good belongs to you.

o livro é mesmo a celebração de tudo que existe: todas as pessoas, a guerra e a paz, toda a terra, a natureza e todas as invenções humanas, a vida e a morte. é um livro inteiro sobre como tudo no mundo é uma coisa só e que a gente deve celebrar isso, celebrar tudo. as partes boas e as partes ruins.

o whitman vai desenvolvendo os exemplos e as possibilidades do que significa ser tudo no mundo. de certa forma, me lembrou muito a minha pira de adolescência de querer ser todas as pessoas e todas as coisas. era uma sensação de não conseguir me contentar comigo mesma e precisar de Tudo e de Nada, e esse livro pra mim é muito uma versão desenvolvida dessa pira. isso tem a ver com muito do que penso hoje em dia, que é exatamente essa consciência do universo como uma coisa só. todos os meus átomos também pertencem a você. a quem me lê e não me lê. a desconhecidos. às arvores em frente à minha casa. às árvores que nunca verei na minha vida. à terra, à água, a todas as partículas que existem e se transformam. a todo o universo. incluindo o cocô de pombo.

e o waltinho consegue encarnar isso na escrita dele. tá no ritmo, na cadência, nas rimas internas, na linguagem direta e coloquial que ele usa. você começa a ler o livro e vem uma sensação fisiológica de falar aquelas palavras em voz alta, de fazer aqueles traços de letras virarem som no mundo. é uma força muito impressionante, como é a força da vida e da morte. e é até estranho dizer todas essas coisas desse jeito aqui, mas é essa a sensação. é um arrebatamento do amor à existência. e é foda.

um trecho aleatório que grifei: “It is not chaos or death…. it is form and union and plan…. it is eternal life…. it is happiness.”

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